Da empresa tradicional à startup: o passo a passo para quem quer seguir esse caminho
Seu sonho sempre foi trabalhar em uma startup? Esse texto é para você. Vou te ensinar tudo que você precisa saber para fazer essa…
Já imaginou sair de uma empresa com 21 mil colaboradores, e entrar em uma com apenas 4?
Sair de uma multinacional e entrar numa startup foi minha primeira transição de carreira, e pode ter certeza, foi um baita de um desafio — mas também uma das minhas maiores realizações profissionais.
Fiquei 5 anos trabalhando em empresas tradicionais. Foram algumas empresas e segmentos diferentes, mas com uma característica em comum: departamentos, processos e governança muito estruturados.
Acho que você já deve imaginar que esse é o cenário oposto da grande maioria das startups, principalmente as que estão em etapas early stage (estágio inicial) ou começando a escalar sua operação.
Startups geralmente têm ambientes mais dinâmicos, muita agilidade nas decisões e na execução de projetos e iniciativas novas. Têm menos processos e soluções prontas, mas por isso precisam das melhores pessoas para ajudar a construí-los.
Nos últimos anos, muita gente passou a me perguntar como eu consegui fazer uma transição dessas, e me pedir ajuda para saber como poderiam sair do mercado tradicional e entrar no ecossistema de inovação.
Depois de ajudar essas pessoas, entendi que algumas perguntas são padrão: todo mundo que quer fazer essa transição as têm. Pensando em ajudar, reuni algumas dicas neste artigo. Se você pensa em sair do mercado tradicional e mergulhar no mundo das startups, continue lendo.
Como é trabalhar em uma startup?
Minha experiência me mostrou que, trabalhando em uma startup, você pode ter a oportunidade de fazer muito mais do que apenas o seu escopo. Eu mesma participei da construção dos times, da cultura, dos processos e do crescimento da empresa, desde o início. Foram muitos altos e baixos, mas o que eu posso te garantir é que eu aprendi mais do que em qualquer outro momento da minha carreira.
Muita coisa mudou na minha dinâmica de trabalho, na minha rotina, no tamanho dos desafios e no suporte que eu tive para encontrar soluções para os problemas do dia a dia. Uma coisa é fato: não é simples construir e escalar uma empresa! Mas é extremamente gratificante ver seu crescimento e saber que você foi parte disso.
Entenda os diferentes estágios de crescimento de uma startup
Hoje em dia, o termo startup se tornou muito amplo, por isso é importante entender os tipos de empresas que podem se encaixar nesse conceito antes de começar a se aprofundar nas suas diferenças com o mercado tradicional.
Existem, via de regra, quatro principais etapas em que uma startup pode estar diante da sua evolução e crescimento:
Early Stage:
Essa é a real startup, a empresa que está começando. É o estágio inicial, que geralmente envolve a validação do mercado e do produto, ainda em formato de MVP (mínimo produto viável), construção do modelo de negócio, captação de investimentos iniciais, participação em programas de aceleração, início da construção dos times e da cultura.
Entrar em uma empresa nesse estágio, como eu fiz quando entrei na Fix, envolve risco, já que a empresa ainda está embrionária e pode muito bem não dar certo. Além disso, sendo uma das primeiras pessoas do time, você provavelmente vai fazer muito mais coisas do que o que era previsto no seu escopo. Vai ter que arregaçar as mangas e fazer um pouco de tudo! Mas é aqui que mora a maior oportunidade: caso essa empresa dê certo — com a sua ajuda, claro — você tem mais chances de crescer profissional e financeiramente com ela, e até adquirir uma sociedade no futuro.
Scale-ups:
Com o produto já validado e com um volume relevante e crescente de clientes, normalmente elas estão levantando as primeiras grandes rodadas de investimento e buscando suas alavancas para crescer com escala. A Endeavor classifica essas empresas como negócios que “crescem ao menos 20% ao ano, por três anos consecutivos, em número de funcionários ou receita”.
É nesse estágio que se encontram a maioria das startups que se vê na mídia ou com vagas abertas. São empresas que precisam de pessoas muito boas para continuar crescendo, nem sempre tem tantos recursos, e precisam começar a estruturar processos e departamentos especializados. As oportunidades também são imensas de crescer com a empresa, e a parte boa é que o risco já é um pouco menor.
Unicórnios:
São as empresas que atingem um valor de mercado superior a US$ 1 bilhão, um marco considerado raro. Até o momento em que escrevi esse artigo, existiam 963 startups unicórnio ao redor do mundo, sendo 28 delas brasileiras, como Gympass, QuintoAndar, Loggi, etc.
Empresas unicórnio tem uma grande vantagem: estão muito capitalizadas e têm uma visibilidade grande no mercado. Isso significa que trabalhar numa empresa dessas ajuda no currículo, e te permite crescer rápido, já que com tanto investimento, essa empresa precisa dar bons resultados, e rápido — você vai ter estrutura e recursos para trabalhar, mas ainda assim estará num ambiente dinâmico e inovador.
IPO:
São empresas que optam por abrir seu capital na bolsa de valores, como o Nubank fez, por exemplo. Esse ainda não é um movimento tão comum no Brasil, mas a tendência é que o volume de unicórnios com capital aberto cresça ao longo dos anos.
A principal diferença de trabalhar em uma empresa de capital aberto é que, agora, os acionistas se multiplicaram, e a empresa precisa reportar seus resultados publicamente. Alguns processos, auditorias e regras precisam ser seguidos, e a empresa já passa a ser muito mais estruturada e capitalizada, se assemelhando às grandes empresas mais tradicionais.
Quais são as principais diferenças entre uma startup e uma empresa tradicional
Existem características que são comuns às grandes empresas, principalmente as multinacionais, que podem frustrar pessoas com perfis mais inovadores e mão na massa. Já o ritmo de startups e a intensidade com que as coisas mudam é algo que pode ser ótimo para alguns, mas muito estressante para outros.
Listei aqui algumas das principais características que divergem entre os dois tipos de empresa, me concentrando principalmente em startups early stage e scale-ups, já que essas são as mais numerosas no Brasil e as que representam realmente um modelo muito diferente de trabalho se comparado a uma grande empresa.
Cadeia hierárquica:
É natural que empresas grandes tenham estruturas, departamentos e hierarquias complexos. Isso significa que, provavelmente, se você trabalhar em uma grande empresa, você vai ter clareza de qual seria a sucessão de cargos que você teria que passar e qual seria o nível de influência, autoridade e senioridade de cada um desses cargos. São cadeias longas que vão do estagiário ao CEO, passando por cargos júnior, pleno e sênior, e por diferentes níveis de coordenação, gerência e diretoria.
Já as startups têm estruturas muito mais simples do que essas, e quanto menos colaboradores, mais autonomia e influência na tomada de decisão da empresa você poderá ter. Eu mesma, quando entrei na Fix, tinha o papel de liderar e estruturar a área de marketing — porém, eu fui a única do time por cerca de 6 meses, e fazia inúmeras funções diferentes, que em uma grande empresa certamente seriam divididas entre várias pessoas de diversos níveis e especialidades.
Ciclos de promoções e reconhecimentos
Junto com os processos, vêm os planos de carreira e desenvolvimento para colaboradores. Multinacionais costumam ter ciclos de avaliação anuais e regras para promoções e reconhecimentos, e isso geralmente acarreta numa maior lentidão para uma promoção acontecer. A concorrência interna também é, obviamente, bem maior, já que existem muitas pessoas exercendo funções semelhantes.
Se você entrar numa startup que está começando a escalar, existem grandes chances de você crescer junto com a empresa, caso ela dê certo. Esse crescimento vem muito rápido, com cargo, time e geralmente um reconhecimento financeiro, seja em salário ou em participação na empresa. Em dois anos, eu mesma saí de um cargo equivalente a uma analista, construí time e me tornei CMO e sócia da Fix. É uma grande oportunidade, mas não pense que é fácil: os desafios são enormes, e o tamanho do risco também precisa ser avaliado.
Complexidade do negócio:
Geralmente as startups trabalham com um único foco: o crescimento do seu principal produto — e isso faz com que todos os times da empresa trabalhem juntos para atingir um objetivo comum.
Já empresas maiores podem ter diferentes unidades de negócios, marcas, produtos, e cada um vai ter sua estrutura e pessoas dedicadas. Quando a empresa atua em diversos países, a influência do time global ainda precisa ser considerada, portanto as coisas podem andar num ritmo um pouco mais lento do que andariam numa empresa menor.
Isso muitas vezes dificulta a transparência na tomada de decisão da liderança, ou seja, se você é um analista, provavelmente não vai conseguir entender por que algumas coisas acontecem. Também é comum que algumas decisões sejam tomadas de forma política, pois são muitos interesses diferentes em jogo.
Não se engane: em startups também existem decisões que serão tomadas pelos fundadores ou investidores que talvez você não consiga ter o contexto para entender — porém, se estiver em uma empresa com cultura transparente, você certamente terá um espaço maior para questionar e entender o contexto de cada decisão tomada.
Estrutura e processos:
Se você já trabalhou em uma empresa tradicional, sabe que existe processo para quase tudo que precisa ser feito de forma recorrente. Contratar um fornecedor novo, pagar uma ordem de serviço, reportar os investimentos do ano, lançar uma nova marca… você vai sempre ter a quem recorrer para perguntar como deve ser feita cada coisa, mas as coisas podem não ser tão rápidas ou simples como você gostaria.
Nas startups, os processos geralmente não existem ou estão sendo construídos, então as coisas acontecem muito mais rápido e você tem mais liberdade para fazer as coisas da forma que acredita. O único ponto de atenção é que você precisará ter paciência para entender que nem tudo vai estar pronto e funcionando, e essa é a sua oportunidade inclusive de mostrar protagonismo para ajudar a empresa a aprimorar sua estrutura.
Disponibilidade de recursos:
Uma empresa grande e tradicional geralmente tem uma disponibilidade de investimentos gigante. Se você quer lançar uma marca, com certeza vai ter um bom investimento para fazer isso. Se você quer desenvolver um aplicativo, vai ter acesso aos melhores e maiores fornecedores de tecnologia.
Já uma startup tem uma incerteza muito maior diante da disponibilidade de recursos que ela terá para crescer. Normalmente, as histórias que vemos na mídia são de empresas que recebem aportes enormes de fundos renomados, porém nem todas passam por esse mesmo caminho. Muitas recebem aportes menores, ou são compradas por outras empresas, ou mesmo possuem investidores que, eventualmente, podem desistir de investir na empresa caso ela não entregue os resultados esperados.
O que é importante entender aqui é que o risco e a incerteza fazem parte do ecossistema de inovação, e isso também envolve quanto dinheiro estará disponível para investir na empresa no curto, médio e longo prazos.
Como escolher a startup ideal para você
Alguns pontos são importantes quando você vai decidir se topa embarcar num desafio como esse ou não.
Pessoas:
Conhecer as pessoas que vão trabalhar ao seu lado é o primeiro passo para entender se você quer trabalhar naquela empresa. Afinal, não basta a empresa te escolher — a vontade de contribuir com o negócio tem que partir de você também.
No caso de startups, isso é ainda mais importante, principalmente se a empresa é early stage. Isso porque uma startup é um negócio de alto risco, e pessoas boas são parte fundamental do processo de crescimento da empresa. Tente conhecer não apenas seu líder direto, mas seus pares e seu time, caso você for liderar um. Além disso, conhecer os fundadores também é imprescindível para ter uma ideia de como a cultura funciona.
Cultura:
Conhecê-la pode te dar grandes pistas para avaliar se você, de fato, encaixa naquela empresa ou não. Geralmente, as startups falam sobre seus valores e cultura no seu site, LinkedIn ou mesmo em sites como Glassdoor. Esse último é legal para que você veja não só salários e vagas, mas também comentários de quem já trabalha lá.
Recursos:
Startups early stage geralmente são negócios que ainda não se pagam. Muitas até em estágios mais avançados ainda não dão lucro, e isso é alinhado com seus investidores. O ponto aqui é que, se você está pensando em trabalhar em uma startup, é legal você saber quanto dinheiro ela tem em caixa e quem são seus investidores para ter uma ideia da saúde do negócio.
Perguntas como “Quando está previsto o break-even (quando a empresa passa a faturar o mesmo que ela gasta para se manter)?” e “Quantas rodadas de investimento já aconteceram e quanto capital foi levantado?” te ajudam a entender se aquela empresa está capitalizada, ou seja, se tem dinheiro em caixa para investir no crescimento do negócio.
Também é legal você procurar entender como está dividido o cap table da empresa, ou seja, como está dividida a participação na empresa entre fundadores, acionistas e investidores. Isso vai te mostrar quem tem maior e menor influência no negócio, e te dar uma perspectiva sobre a gestão estratégica da empresa.
Nesse momento, você também pode aproveitar e entender se existe a oportunidade de que você entre na empresa com direito a ações mediante a entrega de resultados ou ao tempo de permanência. Esse modelo de remuneração é chamado de vesting ou stock options, e é uma maneira comum de empresas com pouco capital e grande oportunidade de crescimento reterem seus talentos.
Propósito:
Esse último é essencial para você entender se faz sentido trabalhar naquela empresa ou não. Startups são empresas inovadoras que prometem colocar em prática uma ideia com o potencial de contribuir positivamente com algum aspecto da sociedade, atuando em grande escala. Geralmente, essa ideia é tangibilizada no propósito, e é ele que deve nortear todo o modelo de negócio no curto, médio e longo prazos.
Antes de sequer pensar em tentar entrar no processo seletivo de uma startup, entenda seu propósito, e avalie se aquilo te atrai e se está de acordo com o que você valoriza e acredita. Pois geralmente a vontade genuína de entregar aquele propósito tem o poder de manter a alta motivação dos colaboradores mesmo em situações adversas e inconstantes — como geralmente é o dia a dia em uma startup.
E se você ainda não sabe exatamente o que você busca como próximo passo de carreira, faça uma mentoria especializada.
Como aumentar suas chances de entrar numa startup
Se, olhando para as características acima, você realmente quer experimentar o mundo da inovação, aqui vão algumas dicas:
Dica 1: Valores
Independente de a empresa ser uma multinacional ou uma startup, o que você precisa saber é se os seus valores batem com os da empresa.
Toda boa startup tem cultura, propósito e valores definidos desde o início. É comprovado que a cultura é um dos seus principais fatores de sucesso (para entender melhor sobre o poder da cultura organizacional, recomendo a você o livro A Regra é Não ter Regras, do Reed Hastings, fundador da Netflix).
Conhecer bem a cultura da startup que você deseja entrar é o pontapé inicial para você ter uma chance melhor de passar no processo seletivo. Isso porque:
Você vai conseguir validar se os valores daquela empresa estão de acordo com os seus. E se você ainda não tem clareza sobre os seus próprios valores, te recomendo a fazer um exercício para defini-los. Estar em uma empresa cujos valores não batem com os seus é frustração na certa, e isso potencialmente pode te levar até a uma demissão.
Pelo fato de startups não terem muitos processos pré-definidos, grande parte das decisões são tomadas com base nos seus valores. Uma startup tende a viver seus valores de forma muito mais ativa no dia a dia do que uma empresa tradicional, que já tem os caminhos, processos e hierarquias de tomada de decisão melhor definidos.
Fazer uma pesquisa prévia e identificar quanto você acredita e vivencia os mesmos valores da empresa, e deixar isso claro nas entrevistas, com certeza vai te destacar no processo seletivo. Fit cultural é uma das etapas mais importantes de um processo seletivo em startups.
Depois de conhecer os valores da startup, explore seu site, redes sociais e demais canais de comunicação, e veja se consegue identificar os valores ali presentes, ou se te parece ser algo mais “da boca para fora”.
Dica 2: Networking
Conhecer pessoas que já estão dentro desse ecossistema te aproxima de oportunidades. Participar de um processo seletivo apenas se inscrevendo no canal de vagas da empresa pode funcionar, mas ter alguém lá dentro que te conhece e pode recomendar seu trabalho com certeza te fará pular algumas etapas, ainda mais se você não tem experiência em outras startups para que seu currículo atraia esse tipo de recrutador.
Dica 3: Projetos paralelos
Se você acredita que sua experiência em uma grande empresa não será suficiente para passar em um processo seletivo numa startup, a dica é criar projetos paralelos. Um projeto paralelo é qualquer tipo de projeto que você tenha feito fora do seu trabalho CLT e que tenha te ensinado algo ou conquistado resultados mediante seu próprio esforço.
Criou um perfil do Instagram para vender doces e ele cresceu? Fez freelas para alguma empresa e teve um bom resultado? Criou um site para ajudar sua família a vender algo na pandemia? Fez um projeto de TCC e seguiu em frente com a ideia?
Todas essas são boas histórias para contar e te destacam pela criatividade, resiliência ou qualquer outra característica desenvolvida que você provavelmente não conseguiria aprimorar no seu trabalho tradicional.
Dica 4: Autoconhecimento
Por fim, se conheça. Entenda seu perfil, suas forças e fraquezas, o que você valoriza num ambiente de trabalho e o que não tolera. E entenda se isso faz sentido com o ambiente da empresa que você escolher.
Esse é o seu primeiro passo para transformar sua carreira
Trabalhar em startups não é para qualquer pessoa, e não tem problema nenhum nisso. Mas pode ser a grande oportunidade da sua carreira de aprender, se desenvolver e crescer muito mais rápido do que seguindo o caminho de empresas tradicionais.
Não é fácil mudar o rumo da nossa carreira. Afinal, já é um baita desafio conseguir ser chamada em um processo seletivo de startup apenas com a experiência do mercado tradicional, imagina passar no processo e tomar a decisão de trocar a segurança pelo risco…
Muitas pessoas tentam fazer essa transição sozinhas e acabam prejudicando uma carreira consolidada — afinal, como saber se a empresa tem realmente potencial para dar certo?
Ter uma rede de apoio com pessoas experientes foi o que me abriu portas importantes e me guiou para tomar as melhores decisões. E é isso que eu quero te oferecer.
Para isso, construí uma metodologia exclusiva para quem quer trilhar esse caminho.
Te ajudo a definir e tangibilizar seus objetivos, organizar um planejamento e próximos passos, promover transformações reais e acelerar seus resultados nos processos seletivos — tudo isso para te ajudar a tomar a melhor decisão para sua carreira.
Vou te dar todos os recursos para você conseguir sua tão sonhada posição numa startup promissora.
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