Vulnerabilidade estratégica: como usar a seu favor o que você não sabe fazer
De inimiga a alidada: te ensino a usar sua vulnerabilidade de forma estratégica para crescer na carreira e atingir seus objetivos.
👋 Olá! Sou a Thais Sterenberg, e aqui na news AutoGrowth compartilho quinzenalmente os principais “hacks” para acelerar seu crescimento de carreira.
Essas foram as 2 edições mais lidas dos últimos meses:
Minha conversa com Sean Ellis, o pai do Growth, e o que um bom networking pode fazer por você
Trabalhe menos, conquiste mais: como eu maximizei minha produtividade fazendo o que eu amo
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Se tem uma coisa que eu demorei para aprender, foi aceitar minhas fraquezas e falar sobre elas.
Primeiro porque eu não as conhecia - então, quando não conseguia fazer alguma coisa, ficava frustrada e até envergonhada para admitir o erro, e não sabia como fazer diferente.
Segundo, porque acredito que a sociedade cobra muito de nós mulheres, e essa cobrança naturalmente se transforma em autocobrança - por eu sempre me cobrar muito, tenho dificuldade em conseguir aceitar não saber fazer algo.
Independente se você é ou não mulher, saber usar o que você não faz tão bem a seu favor é essencial.
Sua vulnerabilidade pode servir como sua arma secreta, e se tornar uma alavanca importante para o seu crescimento de carreira.
Vulnerabilidade: aliada ou inimiga?
Antes de eu te explicar por que e como usar a vulnerabilidade de forma estratégica, vou contar alguns casos que eu mesma vivi.
1. 👶 Meu primeiro estágio e a vulnerabilidade nada estratégica
Minha primeira experiência profissional remunerada foi um estágio na Whirlpool, empresa multinacional responsável pelas marcas Brastemp, Consul e KitchenAid.
Eu era estagiária de trade marketing, responsável por acompanhar a construção e execução de treinamentos para os promotores de vendas, garantindo que eles soubessem explicar para o cliente os benefícios de comprar nossos produtos.
Em outras palavras, eu precisava garantir que os promotores entendessem e soubessem vender muito bem nossas geladeiras, lavadoras e fogões.
Vejam que, mesmo que por acaso, a educação e capacitação de pessoas já começava a fazer parte da minha carreira desde cedo
Voltando… teve um dia que eu cometi um erro. O treinamento ao vivo para os promotores atrasou horas, atrasando o expediente de todos eles, e depois foi enviado com problemas no conteúdo por falta da minha revisão.
Aquilo para mim foi o fim! Como eu tinha deixado aquilo acontecer, e o que meus chefes pensariam?!
Resultado: a Thais de 19 anos não teve coragem de conversar sobre aquilo com ninguém, e foi chorar na escada de incêndio da empresa por ter cometido um erro “terrível”. É verdade esse bilhete.
Sorte a minha que eu tinha líderes incríveis, que me encontraram e souberam me explicar que o erro era contornável, e que eu não precisava ter medo ou me sentir mal quanto a isso - apenas entender a causa do problema e aprender com ela, para que não acontecesse de novo.
Moral da história: a minha vulnerabilidade, naquele momento representada por um erro meu, não só me assustou, como poderia ter prejudicado e me enfraquecido perante a minha liderança.
“Ah, Thais, mas você era super nova, estagiária! Isso não acontece normalmente.” - é aí que você se engana.
Penso (espero rs) que isso não seja comum no sentido literal, com as pessoas indo chorar na escada de incêndio.
Mas é extremamente comum que as pessoas não saibam comunicar, contornar e reverter um erro no seu trabalho, e que as lideranças não estejam preparadas para lidar com esse tipo de situação.
E aí, se você não souber reagir de forma inteligente, é a sua vulnerabilidade jogando contra você.
2. 🏠 Meu processo seletivo para entrar no QuintoAndar, e como a vulnerabilidade foi essencial para dar certo
Corta a cena para alguns bons anos depois, com uma Thais mais velha, experiente e madura.
Eu estava buscando fazer um movimento de carreira, e havia posicionado meu LinkedIn para que servisse como vitrine para atrair recrutadores. Eis que um headhunter me aciona com uma vaga de gerência sênior no QuintoAndar.
Com certeza me interessei, afinal é uma empresa incrível.
Durante nossa conversa, eu me apresentei e contei minha história (ou melhor, o meu pitch de venda pessoal, já muito bem pensado e estruturado para destacar meus principais pontos fortes), e ele então me contou sobre a vaga. Era uma vaga para liderar a frente de SEO, dentro da área de Growth.
Sejamos honestos: eu não tinha experiência profunda para ser responsável pelo SEO de uma empresa com um tráfego gigante como o QuintoAndar. Porém, eu realmente acreditava que seria uma baita oportunidade trabalhar lá, e que eu tinha outras habilidades que poderiam servir bem à empresa.
Por isso, eu tinha três opções:
Eu conheço o básico de SEO, portanto poderia reforçar que eu daria conta do recado, e tentar a sorte - e provavelmente eu seria cortada na etapa de validação técnica do processo seletivo;
Eu poderia agradecer, e dizer que infelizmente aquela vaga não era para mim - e aí perderia a oportunidade de trabalhar lá;
Ou, poderia ser transparente, mas confiante: explicar que eu não tinha o perfil ideal para aquela vaga, mas reforçar como eu poderia agregar valor de outras formas para o negócio.
Felizmente, escolhi a opção 3.
Expliquei que, com esse escopo, essa vaga não seria para mim. Eu não tinha a experiência necessária, e nem as habilidades técnicas e analíticas para gerenciar um time como esse.
Mas fiz questão de reforçar as minhas outras experiências e habilidades: gestão de pessoas, construção de canais de aquisição B2B, e anos de experiência no mercado imobiliário, nos quais inclusive o QuintoAndar havia sido meu cliente.
Resultado: ele agradeceu a transparência, disse que gostou de mim e iria recomendar o meu perfil para a empresa mesmo assim, mas talvez não para aquela vaga específica.
Passadas várias semanas, ele me liga com uma nova vaga, com o escopo ideal, de acordo com minha experiência e perfil, alegando que eles entenderam que faria sentido ter alguém como eu no time.
Esse foi um momento em que posso te dizer que ter sido vulnerável estrategicamente fez total diferença. Consegui aquela oportunidade justamente porque eu soube comunicar o que eu não sei fazer e não sou boa.
Como eu fiz isso? Demonstrei autoconhecimento, autoconfiança para falar sobre as minhas “fraquezas”, mas reforcei também o que me torna única, meu conhecimento sobre negócios e mercado. Mesmo não sendo boa em algumas das coisas que ele precisava, ainda assim, eu o convenci que seria uma ótima opção para agregar para o negócio.
Brené Brown já dizia… e sempre vale relembrar
Se você não a conhece, Brené Brown é uma pesquisadora e autora renomada que dedicou grande parte da sua carreira ao estudo da vulnerabilidade (recomendo fortemente seu livro A Coragem de Ser Imperfeito, assim como seu TED Talk).
Ela tem dois conceitos essenciais que quero destacar aqui, e que ilustram perfeitamente a diferença entre as minhas duas histórias:
Vulnerabilidade é diferente de vergonha: sentir vergonha dos nossos erros e dificuldades é diferente de sentir e vivenciar a vulnerabilidade. A vergonha nos mantém isolados e com medo de sermos rejeitados (a Thais estagiária de 19 anos estava aqui), enquanto a vulnerabilidade nos permite nos conectar com os outros de uma maneira autêntica (a Thais Sr. Manager do QuintoAndar evoluiu para cá).
A vulnerabilidade beneficia a resiliência: ser capaz de enfrentar e compartilhar nossos desafios nos torna mais capazes de lidar com as adversidades da vida. Consequências positivas acontecem quando somos vulneráveis, nos motivando a persistir.
🧐 Vulnerabilidade a seu favor: Por que saber falar das suas (in)competências é estratégico
Usar a vulnerabilidade de forma estratégica na carreira pode ser uma alavanca para o seu crescimento profissional. Eu digo pode ser porque você realmente precisa saber usá-la, e o ambiente em que você se encontra precisa saber recebê-la.
Ou seja, se você usar da forma errada, ou se tiver num ambiente que não aceita bem esse tipo de comportamento, ela pode se tornar um risco e ter o efeito contrário ao que estamos buscando.
Caso você esteja num ambiente que não aceita vulnerabilidade, vale rever se esse é o ambiente em que você realmente gostaria de estar.
Antes de te explicar como aprender a usar a vulnerabilidade de maneira estratégica, venho te contar alguns dos benefícios incríveis que ela pode trazer.
Confiança e autenticidade
Comunicar suas competências, mas também suas limitações, demonstra autenticidade. As pessoas geralmente confiam mais em líderes e colegas que são autênticos e transparentes, ou seja, que falam a verdade tanto quando ela é boa, quanto quando é ruim.
Colaboração e segurança psicológica
Quando você compartilha suas limitações, incentiva os outros a fazerem o mesmo. Isso gera um ambiente com mais segurança psicológica e torna a equipe mais colaborativa, onde todos estão dispostos a ajudar uns aos outros a superar desafios.
Eu mesma já tive liderados que disseram que nunca tinham tido uma gestão que fosse tão aberta quanto aos seus “pontos fracos” e tão confiante sobre seus pontos fortes, e que isso fazia com que eles sentissem confiança e segurança para se abrirem comigo.
Times eficientes
Desde que entendi onde eu não mando bem, comecei a ser muito intencional ao contratar pessoas complementares a mim para meus times. Na própria Fix, startup com poucos recursos, as contratações tinham que ser muito assertivas, afinal, o dinheiro era curto.
Quando contratei um coordenador com perfil complementar, muito mais planejador e atento a detalhes do que eu, nós formamos um time realmente eficiente.
Mas o mais importante foi que eu deixei isso bem claro desde início para ele: onde ele precisaria me complementar para funcionarmos bem. Isso fez com que nós dois tivéssemos tranquilidade em apontar onde o outro estava pecando, e corrigir a rota rápido.
Oportunidades de aprendizado
Ao reconhecer suas áreas de fraqueza, você mostra que está disposto a aprender e evoluir. Isso pode levar a oportunidades de treinamento, mentoria e desenvolvimento profissional.
Quando eu entrei na Fix, meu papel era construir área de Marketing e Growth do zero. Desde o início, eu deixei bem claro que precisaria de ajuda, pois o desafio era enorme e eu não tinha confiança do quanto conseguiria resolvê-lo sozinha.
Com isso, alinhei com o CEO que eles me pagariam um curso com os melhores especialistas de Growth na época. Alinhamos o timing do curso e quanto levaria para que eu conseguisse gerar resultados reais, dada a minha curva de aprendizado.
Para que fique claro como a vulnerabilidade me ajudou nisso, imagine a situação inversa: eu assumo um desafio claramente maior do que o que eu sei, não conto para ninguém que estou insegura, compro um curso em segredo para tentar correr atrás do prejuízo, arco com esse custo, e dou resultados de forma muito mais lenta do que eles esperavam.
Certamente eu teria um problema com meu CEO, e não conseguiria atender as expectativas da empresa.
Vantagem em processos seletivos
Como já contei a minha própria história para entrar no QuintoAndar, em entrevistas de emprego no geral, os recrutadores valorizam candidatos que são honestos sobre suas competências e também limitações - desde que saibam falar sobre isso com confiança.
Isso ajuda a alinhar melhor as expectativas, demonstra que você tem maturidade, e facilita a decisão sobre se o candidato é realmente um bom fit para a vaga.
💡 Na prática: como fazer para que sua vulnerabilidade tenha um efeito positivo
Preste muita atenção aqui: você só vai conseguir usar sua vulnerabilidade de forma realmente estratégica se estiver muito maduro (mas muito mesmo!) em dois pilares essenciais:
autoconhecimento & autoconfiança
Se um deles estiver capenga, você pode facilmente ser mal interpretado, e se prejudicar ao falar das suas limitações.
Antes de eu entrar na parte tática, alguns avisos:
Se você ainda não sabe quais são seus superpoderes, e onde você não manda bem, veja esse artigo onde eu te explico como descobri-los
Se você ainda não se sente autoconfiante para falar das suas fraquezas, recomendo fortemente que você faça uma mentoria de carreira, focada especificamente nisso
Partindo da premissa de que você já está afiado no seu autoconhecimento e já tem uma autoconfiança sólida, vamos às técnicas que eu acredito que são mais simples e assertivas de usar:
Comece entendendo o contexto
A primeira coisa que você vai fazer para decidir se vai falar das suas fraquezas como estratégia para se destacar é entender o contexto em que você se encontra, e a situação. Quem são as pessoas presentes? Qual a pauta que está sendo discutida?
Se você está numa reunião com o seu time, ou num processo seletivo, a vulnerabilidade pode ser bem vinda.
Agora, se você estiver numa reunião de negócios, conhecendo executivos mais sêniores que você pela primeira vez, talvez esse não seja um bom momento para ressaltar sua vulnerabilidade, mas sim destacar seus superpoderes.
Caso algo seja solicitado a você, e você não saiba fazer, demonstre que vai buscar os recursos para fazê-lo (seja compartilhar o problema com seu time, estudar mais sobre o assunto, etc).
Seja seletivo
Você não precisa sempre falar de tudo que você não faz bem. Escolha os pontos que são relevantes para a situação e que podem levar a resultados positivos.
Um exemplo: Se você precisa entregar um projeto ou um resultado específico, e para isso precisa do comprometimento de outras pessoas, aborde-as contando sobre porque aquilo é muito relevante e explique seus desafios.
Reforce que aquela pessoa é muito boa no que você não sabe fazer, e que a ajuda dela vai ser crucial para a entrega. Isso constrói uma conexão positiva entre vocês, fazendo com que a pessoa fique mais propensa a te ajudar. Afinal, todo mundo gosta de se sentir útil e de receber elogios (veja como construir uma comunicação assertiva para essas situações nesse artigo aqui)
Mostre o que você está fazendo para melhorar
Se você está conversando com seu chefe, ou mesmo em uma entrevista de emprego, não basta dizer que é ruim em alguma coisa. Você precisa dizer o que está fazendo para melhorar. Seja contratando pessoas complementares, fazendo um curso técnico, uma mentoria de carreira, ou o que quer que seja.
A estratégia aqui é sempre tentar comunicar suas limitações antes que elas se tornem um problema. Assim você já alinha expectativas, gera empatia com a pessoa por ter trazido transparência à conversa, e mostra comprometimento e determinação, já que já está agindo para resolver, e inclusive previnir, eventuais consequências.
O imprescindível aqui é: nunca use suas limitações como justificativa para um erro ou problema que já aconteceu, e nem para uma falta de ação sua (o tal “não fiz porque não sabia fazer”). Espera-se que, quando você não sabe algo, você corra atrás de uma solução, nem que seja pedindo ajuda.
Falando nisso…
Saiba pedir ajuda
Pedir ajuda é demonstrar vulnerabilidade, o que é super bem vindo, desde que você não dependa sempre de ajuda para resolver problemas e fazer seu trabalho.
Aqui o mais importante é ter muita clareza do seu papel como colaborador, e se você for líder, clareza também do papel do time.
Com essa clareza, existem duas situações:
Se você precisa de ajuda com algo que está dentro do seu escopo e já é esperado de você, você pode pedir ajuda uma vez sem problemas, mas cuidado para não depender de ajuda sempre, pois aí você pode estar deixando de fazer o que é sua responsabilidade
Se você precisa de ajuda com novos desafios, imprevisibilidades, projetos extras ou mesmo se está começando numa empresa, sinta-se a vontade para pedir ajuda, sempre demonstrando sua curiosidade e interesse em aprender algo novo. Alinhe expectativas sobre seus desafios com a sua gestão, e conte sobre como e para quem você vai pedir ajuda. Então, perceba se as outras pessoas entendem que esse é um bom caminho, ou se te sugerem fazer diferente.
Reforce uma característica positiva, junto com a vulnerabilidade
Ninguém é bom em tudo. Quando você reforça que não é bom em algo, consequentemente você abre espaço para contar sobre o que você faz muito bem.
Dessa forma, a parte ruim é entendida como consequência de ser tão bom em alguma outra coisa, evitando que a vulnerabilidade soe como fraqueza.
Se o ambiente permitir, use o humor e a descontração para falar das suas limitações. Isso também mostra que você tem autoconfiança o suficiente para lidar com isso de forma leve.
Peça feedbacks
Se importar em ouvir seus pontos de melhoria também é usar a vulnerabilidade de forma estratégica. Isso porque você valoriza a opinião do outro e mostra que ele pode te ajudar a ser melhor.
Apenas lembre-se: feedbacks precisam ser sobre ações, e não sobre competências.
Portanto, saiba pedir (e dar) feedback da forma certa: considere o contexto e a situação, e reforce que você quer a opinião da pessoa sobre uma ação sua.
Evite pedir feedbacks genéricos como “onde você acha que posso melhorar?”, sem direcionar a pergunta. Senão a pessoa fica sem referência e o feedback passa a ser muito mais um reflexo sobre as próprias opiniões dela, do que de fato sobre o que você fez e porque deveria fazer diferente.
Vulnerabilidade não é reclamação
Ser vulnerável só é bem vindo quando é autêntico, e carregado de intenções positivas.
Não reclame sobre suas fraquezas - faça algo para compensá-las (contrate pessoas complementares, vá para uma área onde elas não são tão necessárias) ou minimizá-las (faça cursos, peça ajuda). Todo mundo é capaz de aprender qualquer coisa, a diferença é que uns vão levar mais tempo e energia do que outros.
➡️ Como dar o primeiro passo para usar a Vulnerabilidade Estratégica?
O método AutoGrowth é justamente pautado em três pilares que vão permitir que você saiba como e quando usar sua vulnerabilidade a seu favor:
🧠 Autoconhecimento + 🎯 Autoconfiança + 🎙 Autoridade
Portanto, se você sente que pode aprimorar algum desses três pontos, recomendo fortemente que você venha conhecer o meu programa de mentoria.
A próxima turma de mentoria em grupo começa agora em outubro, e são poucas vagas! Então não perca tempo e se inscreva no site para receber a proposta detalhada:
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Lembre-se: feedbacks são sempre bem vindos. É só responder esse e-mail e me contar o que achou. 📧
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